quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ARTIGO: A natureza das mudanças

Desde a redemocratização, o Brasil avançou muito. Para entendermos o que se passa no país e a natureza das mudanças necessárias para um novo salto de desenvolvimento, é muito importante apontarmos os erros cometidos, mas também reconhecer os acertos. Porque, de fato, a história não começa, nem termina com qualquer um dos últimos seis presidentes. Seria muita pretensão pensar assim e o caminho mais fácil para o autoengano.

PMDB, PSDB e PT foram responsáveis pelos 3 grandes saltos dados pelo Brasil desde 1985. O primeiro, representado pela árdua transição democrática, reestruturação do Estado e adequação das suas instituições ao novo regime, com a Constituição Cidadã. O segundo, na grande conquista da estabilização da economia com o fim da inflação e a organização das finanças públicas, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal. O terceiro salto com a maturidade política alcançada, demonstrada na continuidade da política fiscal e no combate á desigualdade social, com o aprofundamento das políticas sociais compensatórias.

Em comum, estas mudanças contaram com um inequívoco consenso entre a classe política e a sociedade. O Brasil está melhor depois destes saltos, mas uma agenda inconclusa de mudanças compromete nosso futuro.

Mais do que a quantidade, é a natureza das mudanças que merece a atenção dos eleitores nestas eleições, pois elas têm o poder de reestruturar a República. Falo das reformas do Estado, política e tributária; da repactuação federativa, da renegociação das dívidas dos estados e do resgate de dezessete milhões de brasileiros, que ainda se encontram abaixo da linha da pobreza.

Para enfrentá-las, penso que precisamos de um presidente e governadores de outro perfil, que nem tão longe do nosso tempo costumávamos chamar de “homens de Estado”.

Políticos com liderança suficiente para tratar de temas tabus, constrangerem a cultura nacional do jeitinho, expondo seus atores às suas próprias contradições e atraindo com sua estatura o que de melhor há no país, seja nas ruas ou no Congresso Nacional; seja na sociedade civil, nos espaços de participação popular e nas instituições da República. Uma liderança que construa consenso na diferença e não acomodações de interesses particulares.

Uma agenda de mudanças e uma liderança adequada à sua natureza. Assim, daremos o quarto salto necessário a um Brasil mais justo, livre e democrático.

Sebastião Melo
Vice-Prefeito de Porto Alegre

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