quarta-feira, 6 de maio de 2015

ARTIGO: Cercamento ou Redenção?


*Artigo publicado na edição de hoje (06 de maio) do Jornal Zero Hora:


O cercamento da Redenção é um pêndulo que vai e vem nos últimos 25 anos da história da Capital. Agora mesmo nossos vereadores aprovaram um projeto de lei, propondo um plebiscito para aferir a opinião dos porto alegrenses. Para não fugir à regra, o tema ganhou contornos de “grenalização”. 

Porque colocado um assunto tão complexo na modalidade de escolha do “sim” ou “não”, retomamos a tradição do confronto e aprisionamos a moderação, atitude que nos permite entender uma questão sob vários ângulos, sobretudo aquele que desvela o significado de redenção, “o ato ou efeito de redimir, de tirar do cativeiro”. Assim, a antiga Várzea do Portão, ganhou o nome de Campos da Redenção, em comemoração a precoce abolição da escravatura na cidade. 

À época da Várzea do Portão, Porto Alegre era protegida por fortificações. O Portão servia para proteger os citadinos e controlar a entrada dos “outros”, estranhos aos costumes locais. Nas duas razões, o sentimento de medo e a ansiedade pela segurança.

Ciente das razões apontadas pelos defensores do cercamento, impossível não reconhecer um testemunho verdadeiro. Porque é fato que muitas vezes o Parque está sujo, que seus monumentos e recantos são vandalizados e que há deficiências sérias na segurança. 

Entretanto, não podemos esconder que os problemas não são gerados pelos “de fora” e que só a cooperação entre o Poder Público e a Sociedade poderá superar esta situação.

Dar um destino adequado ao lixo individual e orientar aqueles que insistem em jogá-lo no chão; proteger os patrimônios histórico e ambiental do Parque e denunciar quem os agride, essa é a parte da Sociedade.

Ampliar e modernizar a iluminação da Redenção – como estamos fazendo – dar continuidade ao  cercamento eletrônico, reforçar o policiamento em toda sua extensão, propiciando a convivência urbana diurna e noturna, fecham o círculo da responsabilidade compartilhada e que deve ser estendido para os demais Parques da cidade. 

Assim, entre o cercamento e a Redenção, penso que vale o esforço de manter o Parque integrado à paisagem urbana, semeando a cultura do cuidado com a cidade. 


Sebastião Melo
Vice-prefeito de Porto Alegre