quarta-feira, 16 de abril de 2014

ARTIGO: Prefeitura na Comunidade: nova cultura cidadã

É responsabilidade do governo municipal a oferta e manutenção dos serviços públicos. Coleta do lixo e limpeza urbana; tratamento da água e do esgoto; preservação do patrimônio histórico; assistência social e saúde são preocupações diárias da prefeitura e têm prioridade com a atuação do Fórum de Serviços e da Gerência de Excelência em Serviços nas Regiões do Orçamento Participativo. Direito de votar, em contrapartida ao pagamento de impostos, foi uma grande conquista dos povos, embora tenha modificado o sentido original da política e da liberdade. Na sempre lembrada Polis grega, ser livre era decidir sobre os assuntos públicos, ou seja, fazer política. No mundo moderno, ser livre passou a ser o recolhimento ao espaço privado e a transferência das responsabilidades da cidade aos governos. Não por acaso, os espaços da própria casa são muito bem cuidados, enquanto os públicos “não são comigo”. O destino do lixo é só um exemplo. No Reveillon passado, o DMLU recolheu quatro toneladas de lixo na área da Usina do Gasômetro. São 500 toneladas de resíduos depositados pela população em lugares impróprios e recolhidas diariamente, que geram um gasto adicional de quase R$ 1 milhão por mês.

A campanha Eu Curto, Eu Cuido, não se limita à publicidade, mas potencializa uma nova cultura cidadã, que é exercida em vários bairros da cidade e que vai muito além da reivindicação. O projeto Prefeitura na Comunidade busca firmar esta colaboração governo e sociedade, no qual o prefeito e sua equipe percorrem todas as regiões, fiscalizando a execução e a qualidade dos serviços e pactuando a corresponsabilidade no zelo pelo que é feito. Desta ação surgiram os Prefeitos das Praças, que assumem a tarefa de dividir conosco o cuidado daquelas áreas.

É assim que o “beco da morte”, na Bom Jesus, ganhará vida. Cansada de conviver com toneladas de lixo depositado por moradores, a comunidade decidiu construir uma escada, em parceria com a prefeitura, sinalizando que ali é lugar de passagem e de convívio. Assim, os moradores darão um exemplo de que “a cidade também é minha casa”.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

ARTIGO: Da honra de ser porto-alegrense

No dia 16 de fevereiro de 1978, Porto Alegre me acolheu. Migrante goiano, do interior de Piracanjuba, desembarquei na rodoviária com uma vontade forte o bastante para reinventar meu destino, embora não tivesse a mínima ideia do quanto a Capital pudesse contribuir para esta aventura.

Um mês depois, a TV Guaíba e o Brique da Redenção eram inaugurados. Ainda em 1978, Pedro Simon foi eleito senador da República, e o MDB obteve significativa vitória em Porto Alegre. Os movimentos sociais pela abertura política e redemocratização ganhavam corpo entre os gaúchos. Assim, do destino traçado de tocar a roça e de desprezar os assuntos humanos, redescobri- me numa cidade talhada para fazer a história, porque mundaniza as ideias, os problemas e os desafios do seu povo, através do debate público.

Nesse contexto, ter sido eleito vereador e vice-prefeito não pode ser encarado como um prêmio, mas como uma honra, contida numa exigência, que é zelar pela democracia e pela qualidade de vida da população. Mas também há um Pampa enorme, separando a Porto Alegre que me acolheu daquela que hoje ajudo a governar. Pois não foi só a efervescência social, política e cultural que me impactaram tão logo aqui cheguei. Foi, sobretudo, uma ideia de progresso que se parecia com um cavalo encilhado, sobre o qual bastaria montarmos para que alcançássemos o paraíso, e que, à época, contrastava com um Centro Histórico degradado, que afastava moradores e frequentadores.

Hoje sabemos o quanto este modelo contribuiu, também, para o comprometimento do meio ambiente, para uma estética urbana que fere os olhos, para o avanço dos automóveis sobre os espaços públicos, para o afastamento das pessoas das ruas e do convívio. Minha primeira visão do Centro Histórico.

Ao comemorarmos os 242 anos de Porto Alegre, somos desafiados por um novo tempo, no qual a convivência entre os porto-alegrenses deve ser o fio condutor de iniciativas continuadas, públicas e da sociedade, e que já ocorrem em toda a cidade.

A Serenata da Redenção, o Carnaval de Rua da Cidade Baixa, o Brechó do projeto Refloresta, a Biciescola do Parque Marinha, o Corredor Cultural da Rua da Praia, a Semana da Restinga retomam um padrão de ocupação do espaço público, no qual cada um se sente responsável pelo bem-estar coletivo. É esta Porto Alegre que vemos em franco processo de resgate do melhor da sua tradição, do qual tenho a honra de fazer parte.


SEBASTIÃO MELO
Vice-prefeito de Porto Alegre