terça-feira, 27 de maio de 2014

FOGAÇA E A VIRTUDE NA POLÍTICA

Há um sentimento generalizado de que algo não vai bem nas formas de fazer política, e ele não é recente. Esse profundo mal estar coincide com o esvaziamento do espaço público, que é o lugar privilegiado para que as pessoas apareçam, debatam os assuntos fundamentais da sociedade e atuem coletivamente. Sem este aparecimento, este debate e esta ação coletiva, simplesmente não há política. E aqui começam nossos problemas.

O contrato social que nos associa numa democracia pressupõe a disposição das pessoas para representarem a coletividade nas instituições que o regulam, zelando assim pela liberdade, segurança e bem estar das comunidades. Entretanto, cada vez mais a multidão de indiferentes opera um “contrato de gaveta”, pelo qual ser livre é mergulhar no consumo e nos assuntos privados, deixando as responsabilidades públicas para uma mão invisível, que intervém num mercado operado por políticos profissionais. 

Não nos deveria surpreender, portanto, que política tenha se tornado mera mercadoria e seu sentido original tenha se perdido junto com a experiência e os valores que a fundaram. Mas então, por que tanta gente vai ás ruas exigindo um novo caráter e novas formas de se fazer política?

Muitas razões são apontadas e não há consenso no diagnóstico. Contudo, algumas palavras têm se repetido nas falas e nos textos e são pistas valiosas para resolvermos esta crise social e política que não para de crescer: honra, virtude, bem comum, desinteresse, espírito público, tolerância. Estes seriam os valores que, reincorporados ao exercício da política, despertariam o interesse de milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, em participar dos assuntos públicos e de suas instituições. E para isso, os melhores exemplos de políticos ainda existentes serviriam de estímulo para suas comunidades.

Pois José Fogaça é um dos nossos melhores exemplos no RS. Os mandatos que conquistou, tanto no legislativo estadual, no Senado da República como na prefeitura de Porto Alegre, foram exercidos com o sentido de uma honra conferida pelo voto popular e conduzidos com a ética da responsabilidade, na qual a virtude, o espírito público, o bem comum e a tolerância são categorias fundamentais. De fato, Fogaça legisla e governa como um estadista e dialoga com o virtuosismo de quem rege uma sinfonia e essa grandeza é traduzida numa credibilidade que supera fronteiras partidárias.      

Nestes tempos em que precisamos sensibilizar milhões de pessoas para que acreditem novamente na política; em que Porto Alegre, o RS e o Brasil têm suas ruas tomadas pela esperança de que a realidade pode ser mudada para melhor, José Fogaça é um dos que pode compor e dizer com autoridade que “nós vamos prosseguir companheiro, medo não há... nós vamos preparar companheiro, sem ilusão, um novo tempo em que a paz e fartura brotem das mãos”. 

E para cada um de nós, o importante é que Fogaça prossiga em sua semeadura de valores e práticas republicanas, e que através dela traga para a cena pública milhares de pessoas, apaixonadas pela política e pelo bem comum.


Sebastião Melo
Vice-prefeito de Porto Alegre

segunda-feira, 19 de maio de 2014

ARTIGO: Menos carro, cidade mais saudável

O governo federal anunciou que prepara medidas para que as montadoras de automóveis possam aumentar suas vendas, cuja queda no início deste ano é atribuída às restrições impostas pelos bancos nos financiamentos. A população gaúcha cresce a uma taxa de 0,4% ao ano, e a frota de veículos é incrementada em 6,4%. O Estado alcançou, em 2013, 5,7 milhões, para uma população de 11,1 milhões. Em Porto Alegre, são 780,5 mil carros – um para cada 1,8 habitante. Estes números traduzem uma realidade de cidades disfuncionais e que fazem mal à saúde. Limitam o direito de ir e vir das pessoas, consumindo um tempo precioso que poderia ser usufruído para o convívio, o lazer e a cultura, além de acarretar enormes prejuízos à economia e ao meio ambiente. Os engarrafamentos encarecem o transporte, prejudicam os negócios e aumentam o consumo de combustíveis. O trânsito caótico adoece a população, provocando, segundo a OMS, problemas auditivos, neurológicos, respiratórios, cardíacos e, sobretudo, estresse.

Somente no período de 2011/2014, foram destinados às cidades 32,7 bi, através do PAC 2, programa federal, dos quais Porto Alegre pode dispor de 560 milhões, destinados aos corredores dos BRTs, ao sistema de transporte e obras viárias. A possibilidade de acerto desta equação de duas variáveis – mais veículos, mais recursos para mobilidade – pode ser medida pelo exemplo da nossa Terceira Perimetral, que, ao ser inaugurada, já estava defasada. É preciso mudar radicalmente esta conta que não fecha.

Para recuperar a potencialidade da nossa economia e fazer das nossas cidades lugares saudáveis, as mudanças necessárias são essencialmente culturais, seja no âmbito da gestão pública, seja nos hábitos da sociedade. No primeiro caso, diversificar e qualificar as alternativas de transporte e resgatar o planejamento de longo prazo, concertado com as regiões metropolitanas. E sensibilizar cada vez mais pessoas para o consumo sustentável e optar pelo transporte público, uso de bicicletas e deslocamentos a pé. Passado mais de meio século dos “50 anos em 5”, precisamos viabilizar cidades saudáveis com sentido de urgência.