quinta-feira, 31 de julho de 2014

Artigo: POR UM DEBATE PROGRAMÁTICO NO RS

O processo eleitoral começou no RS e no Brasil. Fazia tempo que as eleições não ocorriam numa conjuntura tão favorável ao debate programático, livre da monotonia “do quem promete mais”.

De fato, o Estado e o país encontram-se numa encruzilhada, como de resto grande parte das democracias no mundo. Combinadas, a crise econômica internacional que já contamina o país, e a política, que põe em xeque a capacidade de atualização das instituições clássicas da democracia.

Revisitando os debates realizados no parlamento gaúcho, ao longo da sua história, através da leitura da publicação Perfis Parlamentares, organizada pelo Memorial do Legislativo do RS, percebe-se o quanto perdemos em qualidade no trato das questões relevantes para o Estado.

Fosse pela voz de Gaspar Silveira Martins, fosse pela de Getúlio Vargas, as questões decisivas para a economia, política e sociedade gaúcha, eram tratadas com rigor e almejavam uma terra de homens iguais, livres e justos, para os quais os governos deveriam garantir o maior número de oportunidades. Foi da grandeza deste debate que emergiu um Getúlio presidente, capaz de transformar o Brasil num país industrial, com direitos trabalhistas assegurados.

Comparativamente, nossas últimas eleições têm sido pautadas pela quantidade. Creches e escolas são prometidas à profusão, mas não sabemos qual o modelo mais adequado para a educação das nossas crianças e jovens. Não por acaso, o analfabetismo funcional é a regra.

Paradoxalmente, há uma agenda política imensa e rica, originária da sociedade, que superam os particularismos dos partidos, indicando que o debate sobre o desenvolvimento do país e do RS deve ser realizado com a participação e a colaboração coletivas. É preciso pô-la na ordem do dia dos governantes e parlamentares.

Precisamos politizar a política. Dívida pública, financiamento do Estado, desenvolvimento sustentável, saúde, educação, segurança, entre outros temas, devem ser encarados como um conjunto de desafios qualitativos, que só poderão ser enfrentados por governadores e presidentes que gastem seu tempo olhando primeiro a floresta, para depois dar conta de cada árvore.


Sebastião Melo
Vice-prefeito de Porto Alegre

Nenhum comentário:

Postar um comentário